Obras dos suíços Emílio Augusto Goeldi e Oswaldo Goeldi unidas para retratar de forma ímpar a biodiversidade brasileira

04/maio/2021 - Cultura e social -

por Lani Goeldi

Este ano realizamos algumas ações pontuais que envolvem dois grandes nomes da cultura e da ciência suíço-brasileira, tratam-se do Dr. Emílio Augusto Goeldi ( 1859-1917) e seu filho o artista gravador Oswaldo Goeldi ( 1895-1961).

Em primeiro lugar faremos uma exposição conjunta denominada “Fauna e Flora Brasileira”.

Este trabalho idealizado pela curadora Lani Goeldi, bisneta do naturalista suíço Emílio Goeldi ex-diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, tem por objetivo levar a público uma exposição contendo as espécies das aves amazônicas levantadas por Emílio Goeldi durante o período que permaneceu como diretor desta instituição.

Este levantamento foi cuidadosamente idealizado por ele e o pintor Ernst Lohse, cujas pranchas originais encontram-se no Museu de História natural da Suíça, onde curadora Lani Goeldi, teve acesso à reserva técnica em 2013 a fim de conhecer a fundo o trabalho e acervo de seu bisavô. A partir de então, unindo o trabalho e livro da curadoria que retrata a vida deste destemido naturalista que se desloca com esposa e seus sete filhos da Amazônia para a Suíça é que poderemos destacar um pouco de sua arte, de sua história e de seu pioneirismo.

O “Album de Aves Amazônicas” ou, em alemão “Die Vogelwelt am Amazonenstrom”, foi organizado pelo professor e diretor Emílio A. Goeldi (1859-1917) da região Amazônica que tem uma das mais ricas representações ornitológicas do mundo. O trabalho de Goeldi apresenta a primeira reunião de numerosas espécies de pássaros identificados dessa região. Sua 1ª edição foi publicada entre 1900 a 1906 (originalmente bilíngue: alemão e português), pelo antigo Museu Goeldi de História Natural e Etnografia, hoje, Museu Paraense Emílio Goeldi, localizado em Belém, no estado do Pará. São 48 estampas pintadas, sendo ao todo estão representadas 337 espécies, contextualizadas nos seus habitats, de autoria do desenhista, litógrafo e fotógrafo do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ernst Lohse ( 1873-1930),fotógrafo alemão que trabalhou no Museu Goeldi por quase 20 anos, ganha destaque com a obra de Emílio Goeldi. No início do século XX, ele fez notável documentação fotográfica no Museu Paraense e impressas no Instituto Poligráfico de Zurique.

Complementamos ainda a exposição com uma série pouco conhecida do artista Oswaldo Goeldi, de 22 xilogravuras coloridas com a temática de flores brasileiras.

Buscamos aqui unir numa proposta inédita pai e filho retratando de forma ímpar a biodiversidade brasileira.

Ambos preocupados com a preservação ambiental, que através desta exposição podemos mostrar a vida de Emílio Goeldi, um destemido naturalista suíço, que se desloca com esposa e seus sete filhos para a Amazônia no intuito de perseguir um sonho de pesquisar a fundo as espécies brasileiras.

Pretendemos destacar a arte da fauna e da flora brasileira que retratam o pioneirismo de ambos.

A Exposição terá abertura no dia 05/06/2021 e ficará em cartaz até 05/08/2021 no Via Vale Garden Shopping em Taubaté-SP, com a proposta de itinerar para outros municípios.

No dia 05/09/2021 realizaremos uma outra mostra intitulada “Emílio Goeldi e as Aves Amazônicas”, quando apresentaremos não só o acervo das Aves Amazônicas mas sim um pouco mais da trajetória deste grande cientista. Esta exposição permanecerá aberta até 05/10/2021 no Taubaté Shopping Center em Taubaté – SP.

No dia 31/10/2021 lançaremos a tão esperada biografia do artista Oswaldo Goeldi, “Oswaldo Goeldi – Repaginando a História”, um trabalho realizado pela sobrinha-neta do artista e curadora do Projeto Goeldi – Lani Goeldi.

Este trabalho levou oito anos para ser concluído e a autora percorreu todas as cidades por onde Oswaldo Goeldi residiu, montando um verdadeiro quebra-cabeças das informações pessoais sobre o artista.

Livro totalmente ilustrado contendo 250 páginas e que apresenta Oswaldo Goeldi na sua intimidade, pois agrega a história oral de seus irmãos, sobrinhos e amigos.

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Breves Biografias:

Emílio Augusto Goeldi (28 de agosto de 1859 — 5 de julho de 1917), suíço-alemão, foi naturalista e zoólogo.
Ele estudou na Alemanha com Ernst Haeckel, e chegou ao Brasil em 1880 para trabalhar no Museu Nacional Brasileiro no Rio de Janeiro, indo posteriormente trabalhar no Museu Paraense (que mais tarde recebeu o nome de Museu Paraense Emílio Goeldi) em Belém, atendendo um convite do governador do Pará Lauro Sodré onde permaneceu de 1894 até 1907.
Emílio Goeldi chegou ao Brasil com 25 anos, na capital do Império, e foi contratado pelo Museu Imperial, em 1884. Em 1885, foi nomeado subdiretor da Seção de Zoologia onde, durante cinco anos, desenvolveu estudos sobre répteis, insetos, aracnídeos, mamíferos e aves. Os estudos sobre zoologia agrícola também foram alvo de interesse de Goeldi que investigou as pragas que atacavam importantes regiões produtoras do Brasil, a exemplo das videiras paulistas e dos cafeeiros do Vale do Paraná.

Atraído pela história da ciência, Goeldi elaborou amplo estudo sobre o assunto, a partir de minuciosa investigação de manuscritos, livros e acervos formados por naturalistas que percorreram o Brasil nos séculos XVIII e XIX. Como Goeldi, muitos pesquisadores estrangeiros se fixaram no Brasil. Porém, com a proclamação da república, o Museu Imperial foi transformado em Museu Nacional e passou por uma reforma administrativa, E. Goeldi foi um dos cientistas que se desligaram do Museu.

Em 1893, Goeldi aceitou convite do governador do Pará, Lauro Sodré, para assumir a direção do Museu Paraense, que se encontrava em estado de abandono. Sua missão seria a de transformar aquele museu em um grande centro de pesquisa sobre a região amazônica. Assumindo o desafio, ele começou promovendo uma ampla mudança na estrutura do Museu,para enquadrá-lo às normas tradicionais de museus de História Natural, além de contratar uma equipe de cientistas e técnicos etc.

Em 1895, criou-se o Parque Zoobotânico- mostra da fauna e flora regionais para educação e lazer da população e, em 1896, começou a publicação do Boletim Científico, com boa repercussão.

Grande parte da Amazônia foi visitada, realizando-se intensas coletas para formar as primeiras coleções zoológicas, botânicas, geológicas e etnográficas. Goeldi contratou o excelente pintor e profundo conhecedor do ambiente amazônico, Ernesto Lohse, que ilustrou o livro “Álbum de Aves Amazônicas”, com sublime prancha.

Integrando-se à luta nacional contra Febre Amarela, Goeldi mobilizou o Museu para identificar as principais espécies de mosquitos da Amazônia, bem como o ciclo reprodutivo desses insetos.

Durante a gestão Goeldi, o Museu ganhou respeito internacional. Em 1907, após 13 anos de atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se, doente para a Suíça voltando a lecionar na Universidade de Berna, e mais tarde veio a falecer aos 58 anos.

Acervo de aves empalhadas que E. Goeldi enviou para Suíça encontram-se preservados até hoje no Museu de História Natural de Berna.

Oswaldo Goeldi (31 de outubro de 1895 – 15 de fevereiro 1961), gravador, desenhista, ilustrador e professor, nasceu na cidade do Rio de Janeiro Logo após seu nascimento e até os seis anos de idade, Goeldi morou em Belém (PA) com seus pais, Adelina Meyer Goeldi e Emílio Augusto Goeldi. Seu pai, renomado zoólogo e naturalista suíço, deu nome a uma das mais importantes instituições de Belém, da qual foi diretor: o Museu Paraense Emílio Goeldi, sempre voltado à pesquisa e vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil que, desde sua fundação, em 1866, concentra suas atividades no estudo científico dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia.

Oswaldo Goeldi viveu na Suíça até o falecimento de seu pai. Depois disso, abandonou o curso na Escola Politécnica para se matricular na École des Arts et Métiers. Decepcionado com a escola, passou a ter aulas com Serge Pahnke e Henri Van Muyden. Em 1917 realizousua primeira exposição individual em Berna (Suiça), quando conheceu a obra do austríaco Alfred Kubin, seu mentor artístico.

Na mesma época tornou-se amigo de Hermann Kümmerly, com quem fez suas primeiras litografias. De volta ao Brasil, em 1919, executou trabalhos como ilustrador. Dois anos depois, ao expor no saguão do Liceu de Artes e Ofícios, aproximou-se de pessoas interessadas na renovação da arte, como a Semana de 1922. A partir de 1923, dedicou-se intensamente à xilogravura que conheceu com Ricardo Bampi.

Fez trabalhos para revistas, livros e periódicos. Em 1930, lançou o álbum “Dez Gravuras em Madeira”, prefaciado por Manuel Bandeira e cuja venda permitiu seu retorno à Europa, onde expôs novamente em Berna e em Berlim. Por volta de 1932, retornou ao Brasil e começou a experimentar o uso da cor em xilogravuras. Consolidado como ilustrador, expôs na 25ª Bienal de Veneza em 1950. Ganhou o Prêmio de Gravura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951.

Sua carreira como professor começou em 1952 e, após três anos, passou a ensinar xilogravura na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Em 1956, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, foi realizada sua primeira retrospectiva. Sua obra já participou de mais de uma centena de exposições póstumas no Brasil, Argentina, França, Portugal, Suíça e Espanha.

Hoje, Goeldi é venerado no meio artístico e suas obras são matérias de referência no campo da gravura no mundo todo, sendo que o Projeto Goeldi  (http://www.oswaldogoeldi.org.br)  realiza a gestão e difusão de todo seu acervo.