Diante da pandemia do COVID-19, o Brasil adotou medidas de distanciamento social a fim de conter o número de pessoas contaminadas e, com isso, evitar uma possível sobrecarga do sistema de saúde brasileiro.
Contudo, essas medidas impactam diretamente no funcionamento das empresas (por exemplo, os restaurantes de grandes cidades passaram a funcionar apenas por delivery), levando a mudanças significativas no faturamento e na geração de emprego e renda do país.
Neste cenário adverso, o governo vem anunciando medidas para mitigar os efeitos do distanciamento social sobre o desempenho econômico. Com base no que foi anunciado até o dia 27 de março, realizamos um estudo para medir o impacto de algumas políticas de transferências de renda divulgadas recentemente sobre a atividade econômica.
O papel do governo nesta crise
Diante da pandemia do COVID-19, o Brasil adotou medidas de distanciamento social a fim de conter o número de pessoas contaminadas e, com isso, evitar uma possível sobrecarga do sistema de saúde brasileiro. Contudo, essas medidas impactam diretamente no funcionamento das empresas (por exemplo, os restaurantes de grandes cidades passaram a funcionar apenas por delivery), levando a mudanças significativas no faturamento e na geração de emprego e renda do país.
Neste cenário adverso, o governo vem anunciando medidas para mitigar os efeitos do distanciamento social sobre o desempenho econômico. Com base no que foi anunciado até o dia 27 de março, realizamos um estudo para medir o impacto de algumas políticas de transferências de renda divulgadas recentemente sobre a atividade econômica.
Apesar de aumentar a liquidez no curtíssimo prazo, as antecipações de abono salarial e de 13º salário de aposentados e pensionistas não aumentam a renda permanente desses agentes e, por isso, não foram contempladas nesse estudo. Segundo as teorias da renda permanente e do ciclo de vida, os agentes não tomam decisões de consumo com base somente em sua renda corrente, mas incorporam suas expectativas de renda, de modo a manter o consumo constante – exceto quando há um choque capaz de
alterar sua renda permanente ou suas expectativas.
Logo, incorporamos apenas as políticas de transferências que de fato aumentam a renda dos agentes e que devem ser adotadas durante os próximos meses, a saber: ampliação do número de beneficiários do Bolsa Família (cerca de 1,2 milhão de pessoas); disponibilização de ¼ do seguro desemprego para trabalhadores que recebem até 2 salários mínimos e tiveram os salários reduzidos devido à diminuição da jornada de trabalho; e auxilio de R$600 para trabalhadores informais, desempregados e
microempreendedores individuais que integram família de baixa renda.
Construímos dois cenários com o intuito de identificar e mensurar a capacidade desses pacotes em suavizar os possíveis desdobramentos dessa pandemia sobre a economia.
Embora os números indiquem que 2020 será um ano bem difícil, é possível observar a importância do Estado para atenuar os efeitos negativos dessa pandemia sobre a atividade econômica. Considerando as projeções feitas para o PIB, no cenário em que não incorporamos as medidas anunciadas, a redução da atividade econômica seria de 3,4% com 1 mês de quarentena e de 5,6% com 2 meses de quarentena. Em contrapartida, ao considerar os impactos dessas transferências de renda sobre a massa de rendimentos e, posteriormente, sobre a economia, percebe-se que a taxa de variação do PIB é menos negativa (-2,1% com 1 mês de quarentena e -3,9% com 2 meses de quarentena).
Ainda que o governo tenha dado alguns passos para incentivar os agentes e, de certa forma, filtrar os efeitos multiplicadores negativos sobre a economia, tais passos são bem tímidos, considerando que ainda há espaço para pacotes mais agressivos capazes de influenciar o comportamento e as expectativas dos agentes. O maior efeito negativo desta pandemia é deslocar a confiança dos agentes econômicos para níveis muito baixos. O governo precisa usar instrumentos disponíveis para evitar que este deslocamento se torne permanente, sob o risco de afetar a disposição dos indivíduos e empresas em tomar risco e comprometer o desenvolvimento econômico do país.
Portanto, assim como a teoria das finanças públicas nos ensina, é função do governo garantir alocação dos bens, distribuição dos recursos e estabilização econômica, especialmente em momentos de desestabilização como este.
Por Bruna de Abreu Martins e Helcio Takeda
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