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III Swiss Innovation Day

05/out/2023 - Ciclo de palestras, Comitê de Inovação

No dia 9 de novembro, o Comitê de Inovação da SWISSCAM organizou pelo terceiro ano consecutivo o Swiss Innovation Day no auditório gentilmente cedido pela Nestlé em São Paulo. O tema desta edição foi “Organizações e Liderança Ambidestras” e contou com uma programação de alto nível.

O presidente da SWISSCAM, Flavio Silva, abriu o evento dando as boas-vindas a todos, agradeceu aos associados Ouro pelo patrocínio e aos associados que concederam lembranças aos palestrantes e convidados: Caran d’Ache, Curaprox e Lindt. Flavio ressaltou a importância do tema lembrando que tudo aquilo que nos trouxe até aqui não é o que vai nos levar para o futuro.

Na sequência, passou a palavra para o Cônsul-Geral da Suíça em São Paulo, Pierre Hagmann. O cônsul citou números expressivos sobre a relação da Suíça com a inovação. O país tem estado em 1º lugar nos rankings mundiais de inovação ao longo dos últimos anos. Mais de 70% dos investimentos suíços em pesquisa e desenvolvimento são realizados pelo setor privado. A Suíça ocupa o 9º lugar entre os maiores investidores estrangeiros no Brasil, com mais de 500 empresas suíças atuantes aqui. Também mencionou a importância da inovação para resolver os desafios globais. Neste sentido, lembrou do Prêmio de Sustentabilidade e Inovação, uma iniciativa da Embaixada da Suíça em colaboração com SWISSCAM, Swissnex, Ekos Brasil e Swiss Business Hub que, em sua primeira edição, realizada em Brasília em julho deste ano, premiou empresas e startups sustentáveis, tecnológicas e inovadoras. A COP-30 acontecerá em 2025 no Brasil, na cidade de Belém, e será uma excelente oportunidade de fortalecer a agenda de inovação e sustentabilidade. A Suíça recentemente anunciou doações ao Fundo Amazônia.

Seguindo a programação, Marcelos Veras, Co-CEO no Ecossistema Inova e coordenador do Comitê de Inovação da SWISSCAM, ministrou palestra acerca do tema ambidestria. Ser ambidestro na gestão é prestar atenção no seu negócio, mas ao mesmo tempo ficar de olho nos novos negócios.

Para explicar o conceito, utilizou duas metáforas. Na primeira, a gestão de uma pizzaria foi explorada e todos os processos sendo feitos exatamente iguais dia após dia. Mas se agora o que nos trouxe até aqui não garante o futuro, é preciso reunir a equipe e abrir um espaço na agenda para estudar o que os clientes vão querer comer no futuro e o que fazer agora para quando os pedidos começarem a despencar, o negócio não fechar as portas.

A outra metáfora é do carro na estrada que tem o farol baixo para enxergar os buracos e o farol alto para conseguir ver as vacas. Se o carro andar o tempo inteiro com farol baixo, uma hora pode bater em uma vaca. Se andar o tempo inteiro com farol alto, vai cair nos buracos.

Embora alguns contestem, há um consenso quase global de que a escola clássica de gestão Taylorismo está dando adeus. Por outro lado, acreditar que uma metodologia pode levar a um modelo totalmente novo de gestão em um curto período de tempo é um engano. Não se trata de “um ou outro”, mas sim “um e outro”. A inteligência está na arte de saber usar aquilo que ainda faz sentido na escola clássica e durante o período de transição migrar.

O filósofo tunisiano Pierre Lévy aponta um caminho: ativar a inteligência coletiva. Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa. Todo mundo na empresa, com uma parte do seu tempo, energia e conhecimento, vai ajudar a construir o futuro.

Marcelo citou cases de empresas que criaram projetos de ambidestria estrutural e contextual. Saiba mais sobre o tema aqui. Quanto aos líderes ambidestros, são aqueles que têm olho no futuro, paixão por contexto e cliente (e não mais pelo produto e modelo de negócios) e estudam. Citou CEOs que reservam espaço na sua agenda regularmente para estudar. É preciso desaprender, superar o apego emocional ao passado, adquirir conhecimento, ter visão de longo prazo.

Após a palestra, Marcelo passou a moderar o painel que contou com os seguintes convidados: Barbara Sapunar, Diretora Executiva de Business Transformation da Nestlé; Lorice Scalise, CEO da Roche; Jairo Rozenblit, CEO da Logitech; e Luciano Nassif, CEO da ABB.

Cada um expôs a realidade e os desafios em seus respectivos setores.

Nestlé: o maior desafio hoje para o setor de alimentos é basicamente o que será feito para alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050. Barbara citou a crise climática, que impacta diretamente na produção dos alimentos. Enfrentar e repensar o negócio para ser generativo e gerar valor na cadeia demanda olhar sistêmico. Citou alguns dos ingredientes com maior pegada ambiental: leite, café e cacau. As embalagens dos alimentos também requerem atenção.

Roche: embora muitos digam que o sistema de saúde no mundo está quebrado, Lorice é da opinião de que está mal administrado. O tema saúde é central. Se pensarmos na falta de qualquer um dos fatores a seguir, a saúde estará comprometida: alimentação adequada, educação, saneamento, política de transporte público e assim por diante. O setor é extremamente desafiador por sua complexidade, incluindo impactos sociais de problemas como depressão, doença mental, drogas, abuso etc. Atualmente há uma visão restrita da saúde. Acredita que deveria haver uma discussão mais ampla entre as instituições, assim como um diálogo intersetorial entre indústrias.

Logitech: os desafios do setor foram discutidos pela empresa anos atrás quando pensaram: o que vai ser de uma empresa de acessórios de informática se o computador vai ser substituído pelo celular/tablet? A resposta foi a diversificação. Jairo citou a entrada bem-sucedida no mercado de games, que é maior que a indústria da música e cinema juntos. Além disso, também passaram a atuar com sistemas de videoconferência B2B e no mercado de streaming. A Logitech quer facilitar a interação entre computador e ser humano e acompanha as velozes transformações deste mercado.

ABB: Luciano mencionou o compromisso da empresa em ajudar os clientes nos desafios de sustentabilidade, pensando em como tornar mais eficiente o consumo de energia e a produtividade das operações, além da preservação dos recursos naturais. Tudo isso associado com uma transição energética e descarbonização do planeta. A ABB enxerga o mercado de hidrogênio verde com um tremendo potencial no país e participa, em conjunto com outras entidades, de estudos de viabilidade para desenvolvimento desta indústria. Também atuam para impulsionar o uso do carro elétrico. Para demonstrar os grandes desafios na área de infraestrutura, Luciano lembrou que 100 milhões de pessoas no Brasil não têm rede de esgoto e 35 milhões não têm acesso à água potável. Estima-se que serão necessários por volta de 4 bilhões de dólares de investimento por ano para suprir esta demanda, e isto só vai acontecer através de parcerias com a iniciativa privada. Para isto, a tecnologia será fundamental. Outro grande desafio são os crimes cibernéticos que causam trilhões de dólares de prejuízo ao ano no mundo.

Na sequência, os painelistas mencionaram as iniciativas de ambidestria que possuem dentro da empresa, tanto na inovação dos produtos/serviços quanto na inovação da gestão, e a discussão foi aberta para responder as perguntas dos participantes.

Agradecemos a todos os presentes pela troca enriquecedora em mais um memorável evento da SWISSCAM.