No dia 8 de abril de 2025 foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da SWISSCAM na Sala Geocoffee da EBP em São Paulo.
O Presidente da SWISSCAM, Flavio Silva, abriu o evento desejando as boas-vindas a todos os associados e expressou seu agradecimento à EBP por gentilmente nos acolher em seu espaço. Destacou o apoio essencial dos coordenadores dos comitês, dos membros da diretoria e da equipe para o sucesso das iniciativas realizadas pela SWISSCAM. Agradeceu também a inestimável parceria da Embaixada da Suíça, do Consulado Geral da Suíça em São Paulo e das demais representações suíças no Brasil.
Finalizou com um agradecimento especial às nossas empresas associadas Ouro, que contribuem imensamente para o fortalecimento da SWISSCAM: Roche, Nestlé, Atlas Schindler, Zurich, ABB, Hilti, Clariant, Novartis, Swiss Re, Syngenta, Curaprox, Philip Morris, MSC, MCI, Grupo Gradiente e Logitech.
O Embaixador da Suíça, Pietro Lazzeri, Presidente de Honra da SWISSCAM, tomou a palavra enfatizando os resultados econômicos positivos com o Brasil. A Suíça é o 5º maior investidor no Brasil. Entre 2023 e 2024, as exportações suíças aumentaram 17% no país.
O ano de 2024 também foi marcado por presença intensa da Suíça no Brasil. Foram mais de 30 visitas oficiais, sobretudo para temas econômicos, como a presença da Conselheira Federal Karin Keller-Sutter na reunião do G20 com ministros de finanças, em fevereiro; a visita do Conselheiro Federal Ignazio Cassis, chefe do Departamento de Relações Exteriores, em julho; e a participação da Conselheira Federal Elisabeth Baume-Schneider na reunião do G20 com ministros da saúde, em novembro. Além disso, houve a visita da Secretária de Estado para Assuntos Econômicos, Helene Budliger, e o Secretário de Estado para Relações Exteriores, Alexandre Fazer. Já na Suíça, o Embaixador mencionou o encontro presidencial que aconteceu em Genebra em julho.
Um dos temas mais relevantes na agenda bilateral e regional é o acordo entre o Mercosul e a EFTA (European Free Trade Association). Para isto, uma delegação parlamentar do bloco europeu foi recebida para reforçar e fazer avançar as negociações, que se encontram em sua etapa final. Segundo o Embaixador, a intenção é concluir as negociações no primeiro semestre e assinar o acordo no final de 2025.
2025 começou com nova visita do chanceler suíço ao Brasil. Em maio será a vez da delegação do presidente do senado suíço Andrea Caroni, acompanhado por outros senadores, que passará pelo Rio de Janeiro, por ocasião do Web Summit, Brasília e também São Paulo, com uma agenda econômica.
Sendo o ano da COP30, o Brasil será o centro das discussões globais sobre mudança climática, transição energética e sustentabilidade. Neste contexto, o Embaixador informou que a Suíça estará presente em Belém do Pará em dois lugares: no Pavilhão da Suíça na Green Zone e no Museu Goeldi com o Chalé Suíço-Brasileiro, destinado a eventos de inovação e pesquisa.
Depois de 4 anos no Brasil, e acreditando no grande potencial da economia brasileira, o Embaixador em breve assumirá a direção global de cooperação econômica da Secretaria de Estado para a Economia, em Berna, que tem o Brasil como parte das prioridades. Finalizou agradecendo o trabalho muito significativo realizado pelo Cônsul Geral Pierre Hagmann, que também se despede em breve para assumir a posição de Embaixador da Suíça na Bulgária.
A Diretora Executiva, Mariana Badra, deu continuidade ao evento apresentando as atividades realizadas em 2024 e o lançamento do Relatório Anual, que contou com fotos ilustrativas de Belém e da Amazônia no contexto da COP 30, artigos sobre o tema de autoria de Ana Moeri, do Instituto Ekos, e Lani Goeldi, da Associação Artística Oswaldo Goeldi, além da tradicional mensagem do Embaixador da Suíça e da Embaixadora do Brasil em Berna. Mariana também apresentou o resultado financeiro no ano de 2024, a composição da diretoria, o orçamento para 2025 e as atividades previstas.
O Diretor Jurídico Gustavo Stüssi conduziu as formalidades de aprovação das contas e composição dos cargos vagos da diretoria, com a entrada dos novos conselheiros: Caio Zuccarelli (Clariant); Johann Gigl (Zurich Airport); Katrin Dalibor (SWISS) e Luciano Hoffmann (Novartis).
Logo após a reunião da Assembleia, Eric Hatisuka, CIO do Mirabaud Family Office (Brasil) e head do Comitê de Investimentos local, ministrou uma palestra aos associados com o tema “Panorama Econômico e Desafios para o Brasil”.
Em uma retrospectiva do cenário internacional, Eric cita o período entre 1991, após a queda do Muro de Berlim, e 2025 como o maior na história em termos de integração comercial e multilateralismo. Isto abriu espaço para economias emergentes competirem nos mercados desenvolvidos, sobretudo a China, que em 10 anos (2001 a 2011) viu sua renda per capita subir de $800 a $8.000.
Face aos acontecimentos recentes protagonizados pelos Estados Unidos, Eric explica que Trump não é um causador de eventos, mas a expressão de um fenômeno maior do que ele mesmo, que vem acontecendo em várias partes do mundo, e que ele denomina como o “refluxo do globalismo”. Para os políticos, o globalismo afeta o senso de identidade nacional e aumenta a competição por empregos.
Desde 1991, o déficit da balança comercial dos Estados Unidos tem aumentado, tendo a China como principal país responsável pelo atual déficit. A exportação dos parques fabris para a China, assim como a assimetria tarifária aplicada aos Estados Unidos (o Brasil inclusive está entre os países que mais tarifam em relação ao que é tarifado), tem sido usado como argumento político.
Os Estados Unidos estão caminhando para um volume tarifário sobre as importações que remonta ao período entreguerras. Se for mantida, esta política tende a aumentar a inflação em todos os lugares e impactar o crescimento econômico nos próximos anos. Desta forma, o Brasil até pode se beneficiar nesta troca de parceiros comerciais, mas o valor líquido tende a ser menor, porque a China vai crescer menos e vai importar menos, afirma Eric. Em suas palavras, o mundo está ficando mais fragmentado e não sabemos o quanto podemos ter de retrocesso geopolítico por conta disso.
Quanto ao crescimento do PIB do Brasil, a expectativa é que fique abaixo de 2%. No PIB trimestral, Eric alerta para o ano encerrando perto de 0%, o que é crítico considerando as eleições. Portanto acredita-se que o governo adotará cada vez mais medidas populistas. A expectativa da inflação é de 6%, com risco de uma alta ainda maior, a depender das medidas populistas. A Selic deve atingir 15% a.a. e cair para 12% somente em 2026.
A dívida pública está em franca trajetória de alta e o risco de perda de controle é evidente. Dentre todos os países emergentes, o Brasil é o que tem a maior razão dívida/PIB. Em sua apresentação, Eric demonstra que desde o governo Dilma, o país iniciou um ciclo de forte dependência de gasto público como único “motor de crescimento” da economia, fragilizando-a. Os maiores déficits fiscais foram registrados em 2015 (Crise Dilma), 2020 (Crise Covid) e agora.
Apesar da taxa de câmbio atual, Eric explica que o Brasil não está tão barato como parece. O excesso de inflação brasileira sobre a inflação americana torna o real sobrevalorizado em relação ao dólar ao longo do tempo. Este fenômeno, em conjunto com a crise de confiança crescente, deve trazer desvalorização adicional ao real. A taxa de câmbio USD-BRL pode subir até o patamar de R$ 8 até 2026.
O evento foi finalizado com um standing lunch aos associados, que na saída ganharam presentes dos nossos associados Curaprox, EBP e Nestlé.
Fotos: Lorna Lee