Ambidestria Corporativa – A jornada de transformação da gestão
No dia 11 de novembro, aconteceu o I Swiss Innovation Day, organizado e mediado por Marcelo Veras, Coordenador do Comitê de Inovação. O evento teve como tema “Ambidestria Corporativa – A jornada de transformação da gestão” e contou com a abertura do Presidente da SWISSCAM, H. Philip Schneider.
Na abertura do evento, também tivemos a honra de receber o Embaixador da Suíça no Brasil, Sr. Pietro Lazzeri, que apontou a inovação como tema prioritário na Suíça. “Lideramos há 11 anos consecutivos o ranking de países mais inovadores. Todo mundo quer saber como alcançamos tais resultados. Posso destacar alguns fatores principais: 1 – Uma relação estreita entre iniciativa privada e pública; 2 – Uma formação acadêmica voltada para promover novos talentos; 3 – Uma legislação adequada que favorece a pesquisa; 4 – Uma política migratória que atrai os melhores cérebros; 5 – Uma cultura de inovação enraizada.”
Segundo ele, a Suíça acompanha de perto os avanços do Brasil no campo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. “Os dois países possuem diversos acordos de cooperação, em nível federal e estadual, com organizações como a EMBRAPII, CNPQ, FAPESP e CONFAP. Também apoiamos startups brasileiras, através da SWISSNEX.”
O que é a ambidestria corporativa?
O primeiro palestrante do evento foi Luis Rasquilha, CEO da Inova Consulting, que explicou resumidamente o que é a ambidestria corporativa. “A ambidestria, como o próprio nome sugere, é ter habilidades em ambos os lados. Em uma organização, isso significa ser eficiente na gestão dos negócios no dia a dia e ao mesmo tempo inovador para pensar nos negócios no futuro. Ou seja, é garantir que a empresa funcione bem hoje, mas também se adapte às mudanças que ocorrerão no mercado.” E, como fazer isso? Para Luis Rasquilla, é importante que toda a equipe da empresa tenha o mesmo pensamento ambidestro, independentemente do cargo ou área de atuação. Além disso, as empresas devem fazer um mapeamento de tendências, a fim de estudarem quais estratégias certas adotar. “O que te trouxe aqui, não te levará para o futuro. A empresa precisa se perguntar o que ela precisa fazer hoje para continuar no mercado nos próximos 10 anos.”
A ambidestria corporativa na prática
Ricardo Neves, CEO da NTT Data, trouxe uma visão mais prática sobre a questão e compartilhou conosco sua experiência em uma empresa que chega a investir 3,6 bilhões em desenvolvimento de novas tecnologias. “A NTT Data tem diversas ações para promover a inovação, entre elas, o Innovation Lab, uma equipe 100% dedicada a mapear o mercado, estudar as novidades e entrar em contato com startups, hubs e Universidades. Também realizamos uma ação muito bacana, que é uma espécie de “Sharktank” interno, em que os colaboradores da empresa apresentam novas ideias e as melhores são escolhidas.” Ricardo Neves enfatizou bastante a necessidade de treinar os colaboradores e melhorar o relacionamento interno. “O principal ativo da nossa empresa é o conhecimento dos colaboradores. Hoje, o que faz a diferença é a habilidade das pessoas em usar novas tecnologias. Por isso, é essencial treinar os colaboradores e envolvê-los em novos projetos.”
Nossa outra palestrante, Carolina Sevciuc, Diretora de Transformação Digital da Nestlé Brasil, tem a missão diária de inovar em uma das empresas mais consolidadas e tradicionais do mundo. “Apesar de já estar bem estabelecida no mercado alimentício, a Nestlé sabe que não pode parar de pensar no futuro. E, um futuro bem próximo, na verdade. Aqui na Nestlé, temos um portfólio de produtos criados para o momento atual e para o médio prazo. Os cenários se transformam rapidamente e as tecnologias se tornam obsoletas em poucos meses. Para isso, a Nestlé conta com uma área focada em transformações digitais, que é dividida em 3 campos: Inovação, TI e Marca Lab.” Carolina Sevciuc também apontou a importância dos colaboradores nesse processo de transformação contínua. “A nossa sorte é que temos 22 mil colaboradores, que são também consumidores.”
Entre todos os palestrantes, talvez Gabriel Frank tenha o maior desafio pela frente. Ele trabalha como Diretor de Pessoas & Cultura na Philip Morris, empresa que possui como principal atividade a venda de tabaco. Em um mundo com cada vez menos fumantes, a mudança foi praticamente imposta à empresa. “A Philip Morris tem hoje o propósito de construir uma nova empresa, focada em tecnologia e voltada para adultos que não querem ou não conseguiram parar de fumar. Há 13 anos apoiamos um mundo sem fumaça, investindo em produtos menos nocivos para os fumantes, como o cigarro eletrônico. Aqui no Brasil, o cigarro eletrônico ainda não foi aprovado pelas agências regulatórias, mas já atuamos com este produto em outros países e estamos nos preparando.” Alcançar tal mudança radical exige um grande esforço da equipe, como explicou Gabriel Frank – “Reinventamos a cultura interna da empresa e a sua estrutura organizacional. Atualmente, temos 9 equipes “squad”, que trabalham mais próximos dos clientes, distribuidores e varejistas. Procuramos transmitir aos nossos colaboradores a ideia de que eles não devem se apaixonar pelo produto, mas pelos seus problemas.”
Nosso último palestrante, Renato Carvalho, Presidente da Novartis Brasil, compartilhou sua experiência como líder de uma das farmacêuticas mais renomadas no mundo. “A Novartis investe cerca de 10 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento. Oferecemos desde produtos que custam poucos reais a terapias que custam milhões de reais. Nosso desafio é encontrar o equilíbrio entre performar e transformar. O mercado farmacêutico é um ramo delicado, pois esbarramos em questões regulatórias.” Ele também frisou que a Novartis vem passando por uma transformação, que inclui investimentos em inovações no sistema de saúde e em terapias digitais, colaborações com startups, além de uma transformação cultural interna. “A Novartis Brasil possui uma diretriz chamada “Own Boss” (Próprio Chefe), em que o colaborador tem autonomia para tomar decisões. Isso dá mais confiança aos colaboradores e torna a tomada de decisões mais rápida.” Renato Carvalho ainda dividiu conosco uma dica para administrar bem o tempo. “Eu organizo as atividades da minha agenda por cores e cada área tem uma cor. A área de inovação tem a cor azul. Assim, eu bato olho na minha agenda e se tiver pouco azul, já sei que não estou investindo tempo suficiente nessa área. Se eu, Presidente da Novartis, não estiver pensando na inovação da empresa, quem mais estará?”
O I Swiss Innovation Day foi bastante produtivo, a ambidestria corporativa parece ser uma habilidade fundamental para manter as empresas vivas no mercado. Para quem ficou interessado e quer saber mais sobre o assunto, esse evento foi gravado e está disponível na área dos associados, no site da SWISSCAM.