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Assembleia Geral Ordinária SWISSCAM

13/mar/2023 - Assembleia Geral Ordinária

No dia 23 de março de 2023 foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da SWISSCAM no auditório do UBS em São Paulo.

O Presidente da SWISSCAM Flavio Silva abriu o evento agradecendo a todos os associados, em especial ao UBS por ceder o espaço para a realização da Assembleia e aos associados Ouro por patrocinarem os eventos da câmara: ABB, Atlas Schindler, Curaprox, Clariant, Hilti, MCI, MSC, Nestlé, Novartis, Philip Morris, Roche, Syngenta e Zurich. Fez menção especial aos membros do Conselho que se dedicam voluntariamente ao bom funcionamento da câmara e aos interesses dos associados.

Em seguida, o Embaixador da Suíça no Brasil Pietro Lazzeri tomou a palavra enfatizando que o Brasil é o maior parceiro da Suíça na América Latina. Portanto, promover os interesses e valores suíços no país é determinante. Mencionou o Fórum de Davos em janeiro, onde tiveram lugar os primeiros encontros ministeriais e também com vários governadores, incluindo o governador do Estado de São Paulo. Para a agenda deste ano, destacou algumas visitas como a do Presidente do Parlamento Suíço com uma delegação de representantes de todos os partidos que estarão em maio nas cidades de Belém, Brasília e São Paulo. Na primeira semana de julho, o Ministro da Economia, Pesquisa e Inovação, Conselheiro Federal Guy Parmelin, estará em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília com uma importante delegação de negócios, cuja pauta inclui os temas infraestrutura, cleantech, medtech e o tratado de livre comércio EFTA – Mercosul. O Embaixador enfatizou a cooperação com as empresas, pois não se trata apenas de discussão política. É necessário ter o apoio do setor privado para que tais objetivos sejam alcançados. Já no início de outubro, está confirmada a visita do Presidente da Confederação Suíça.

A respeito do tema sustentabilidade, o Embaixador ressaltou o engajamento do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade, uma cooperação entre Embaixada, SWISSCAM, Swissnex, Instituto Ekos e Swiss Business Hub, que traz pela primeira vez ao Brasil o Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação, com o objetivo de promover as soluções de startups suíças e brasileiras e dar mais visibilidade às iniciativas de sustentabilidade das empresas suíças no Brasil.

Finalizou citando algumas atividades em parceria que serão organizadas este ano como o Web Summit no Rio de Janeiro em maio, as datas nacionais suíças em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, o Rio Montreux Jazz Festival no Rio de Janeiro em outubro, a cerimônia de entrega do Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação em Brasília na primeira semana de julho, com a presença do Vice-Presidente Geraldo Alckmin e o Conselheiro Federal Guy Parmelin, e o Swiss Day em São Paulo no início de outubro com a participação do Presidente da Confederação.

A Diretora Executiva Mariana Badra deu continuidade ao evento apresentando as atividades realizadas em 2022 e o lançamento do Relatório Anual, cujo foco desta edição foi a sustentabilidade. Para isto, foram publicadas imagens do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, unidade de conservação no norte de Minas Gerais que abriga 180 cavernas, sendo a mais notória a Gruta do Janelão que apresenta, em sua galeria principal, altura e larguras que podem atingir mais de 100 m, além de sítios arqueológicos com pinturas rupestres datadas de até 9 mil anos. Mariana também apresentou o resultado financeiro no ano de 2022, a composição da diretoria, o orçamento para 2023 e as atividades previstas.

O Diretor Jurídico Gustavo Stüssi conduziu as formalidades de aprovação das contas e eleição da diretoria, com a entrada dos novos integrantes: Grazielle Parenti (Syngenta) como 2ª Vice-Presidente e Artur Quelhas (Clariant) e Fausto Almeida (ABB) como Conselheiros.

Logo após a reunião da Assembleia, Ronaldo Patah, CIO do UBS Wealth Management no Brasil, ministrou uma palestra aos associados com o tema “O ano da inflexão”.

Ronaldo iniciou falando sobre o cenário econômico e político global. Naquela semana, que ele considerou até então a mais importante do ano, o banco central americano anunciou medidas relevantes incluindo extensas linhas de garantia após alguns bancos precisarem ser resgatados, sendo 3 americanos e 1 suíço, situação inusitada esta que poderia criar uma crise de confiança global se os bancos centrais não houvessem agido rapidamente. Hoje em dia há um agravante, com a possibilidade de se fazer saques por meio de um aplicativo a qualquer hora, um banco pode quebrar em menos de 24 horas. O risco financeiro está maior, inclusive para bancos tradicionais, o que requer cada vez mais uma gestão de bancos e uma gestão de riscos muito sofisticada. Ronaldo cita no caso dos bancos americanos erros muito básicos, como ter apenas um tipo de cliente.

Os EUA continuam longe da meta de inflação estipulada e para fazê-la cair é necessário manter a taxa de juros alta. Um dos fatores que dificulta esta queda é que há mais oferta de emprego do que gente desempregada no país. Entre os possíveis motivos está a pandemia que retirou muita gente do mercado de trabalho, entre pessoas que se aposentaram, pessoas que foram vítimas fatais da COVID e pessoas que se adaptaram a um novo formato de trabalho por conta própria. Nas palavras do Ronaldo, estamos diante de um novo fenômeno sociológico em que os bancos centrais ainda não sabem como lidar. Considerando estes fatores, incluindo uma possível crise bancária, o risco de recessão nos EUA aumentou. Os bancos terão de aumentar as taxas de empréstimo ou ser mais criterioso nos parâmetros de crédito.

O único bloco econômico no mundo que tem aceleração de crescimento é a China, também por conta do atraso no processo de reabertura pós-COVID. Com isso, talvez as melhores oportunidades de investimento hoje estejam lá.

Com relação à Europa, Ronaldo comenta que até o ano passado havia um receio de inflação por conta da alta do preço do gás. Porém, após um inverno ameno em que não houve falta de gás e decorrido um ano de guerra na Ucrânia, o preço voltou ao normal. Como não há perspectiva de a guerra chegar ao fim, as sansões à Rússia devem continuar e portanto a Europa continua buscando meios de diversificar as fontes de energia, ganhando tempo até o próximo inverno. A economia já está se recuperando. Os dados de atividades econômicas nos dois primeiros meses do ano foram positivos, acima do esperado.

Passando para as recomendações de investimento, diante destes fatos, há uma preferência por investimentos de renda fixa. O mercado de high yields deve ser evitado devido ao risco de recessão e de calote das empresas. O mercado de high grade e emerging markets, sobretudo a China, pode chegar a um retorno de 5%, 6% e 7% ao ano em dólar, a depender do prazo do título, retorno esse em relação ao risco muito superior à renda variável.

Já no cenário Brasil, Ronaldo cita o relatório “Keep Calm and Renda Fixa II” feito pelo UBS que demonstra por que o investimento em renda fixa parece muito atraente em relação ao risco. Para isto, ele retoma um pouco a história desde o boom na época da primeira eleição do Lula, que surfou na onda das commodities. O Brasil nos dois mandatos do Lula chegou a crescer 7% ao ano. Depois veio a sequência de erros, sendo o primeiro a escolha da Dilma como sucessora. As políticas econômicas focaram só em crescimento e não na inflação, até que em 2013 a inflação explodiu. Houve um choque negativo de confiança e as empresas deixaram de investir, causando a maior recessão da história, chegando a 7% de queda no PIB.

Após o impeachment em 2016, o PIB voltou a crescer com a volta da confiança dos investidores e seguiram-se várias reformas importantes ao longo de seis anos, que contribuíram para que em 2022, contrariando as previsões pessimistas dos economistas, o PIB tivesse um crescimento de quase 3%, graças aos investimentos, mesmo sendo um ano de eleições. O quarto trimestre porém já apresentou resultado negativo e os dois primeiros meses de 2023 também não foram bons. Se as políticas econômicas não forem acertadas e a confiança dos empresários for retirada, há uma grande chance de entrar em uma recessão. A depender da proposta que o governo apresentar para o marco fiscal, que tudo indica que vai ter alguma credibilidade, e para a reforma tributária, a situação pode melhorar. De acordo com Eurasia Group, as propostas têm respectivamente 80% e 70% de chance de serem aprovadas. Assim não se acredita que a dívida vai sair do controle. Por isto hoje o que parece mais interessante fazer é continuar investindo em renda fixa pós-fixada, considerando esta taxa de juros de 13,75% do Banco Central que é muito alta e vai continuar mais uns meses.

O evento foi finalizado com um almoço aos associados, que na saída ganharam presentes dos nossos associados Curaprox e Éclair Moi.