No dia 19 de abril de 2022 foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da SWISSCAM no restaurante Cantaloup em São Paulo.
O Presidente Philip Schneider deu as boas-vindas a todos os associados e passou a palavra ao Embaixador da Suíça no Brasil Pietro Lazzeri, que agradeceu o excelente trabalho realizado às empresas no Brasil. Destacou os esforços do país ao longo da pandemia e a retomada da economia. Porém, este retorno trouxe desafios adicionais como a inflação e a escassez de insumos na indústria, agravada pelo conflito na Ucrânia. Neste último ponto, o Embaixador enfatizou a neutralidade suíça, elemento importante da política externa e de segurança da Suíça. Em suas palavras, neutralidade não significa indiferença. Por isto o Conselho Federal também adotou sanções contra a Rússia, mas reafirma que a Suíça foi, é e será neutra.
Sobre as relações bilaterais, o Embaixador informou que o Brasil é o principal parceiro econômico e comercial da Suíça na América Latina, com aproximadamente 25% das exportações suíças chegando no país. Mencionou a cooperação nas áreas de educação, pesquisa, ciência, além do intercâmbio cultural e da grande comunidade suíça presente no Brasil com raízes históricas.
A nova estratégia de política exterior do governo suíço para as Américas coloca o Brasil como parceiro prioritário global, reforçando ainda mais a presença e a colaboração da Suíça em algumas áreas específicas: intercâmbios econômicos e comerciais, sustentabilidade, digitalização e infraestrutura.
A Suíça está entre os 10 maiores investidores do Brasil com mais de 400 empresas suíças operando no país, gerando mais de 62 mil empregos diretos. O diálogo político também segue intenso. Em março, aconteceu em Berna o quinto encontro da Comissão Mista Suíça-Brasil de Ciência, Tecnologia e Inovação e em abril a 10ª rodada de consultas políticas com a Secretária de Estado Livia Leu e o Secretário-Geral do Itamaraty Fernando Simas Magalhães, cujas discussões abordaram as relações políticas e econômicas, sustentabilidade, direitos humanos, pesquisa e inovação e assuntos regionais e internacionais. Outros diálogos importantes também foram mencionados incluindo segurança política, propriedade intelectual, além do econômico que receberá em junho a visita da Secretária de Estado da Suíça para assuntos econômicos.
O Embaixador lembrou que em janeiro entrou em vigor o acordo para evitar a dupla tributação, um passo importante para oferecer um marco legal e fiscal claro e facilitar os investimentos. Quanto ao acordo de livre comércio entre EFTA e Mercosul, ainda há um caminho longo para chegar até a ratificação e implementação, que demanda esforços em nível governamental, legislativo e também da iniciativa privada. Neste sentido, uma delegação brasileira estará na Suíça nos próximos dias para discutir agricultura sustentável.
Para promover as boas práticas das empresas suíças em inovação, sustentabilidade e infraestrutura, a Embaixada realizou um roadshow no Paraná com o Swiss Business Hub, Swissnex, Suíça Turismo e com o apoio da SWISSCAM. Há um grande potencial para parcerias inovadoras em gestão de recursos hídricos e resíduos sólidos, mobilidade, infraestrutura e geração de energia renovável.
Após um mapeamento das iniciativas de sustentabilidade de empresas e entidades suíças no Brasil, a Embaixada anunciou a criação do Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação. Para encerrar sua fala, o Embaixador comunicou a realização de uma exposição itinerante sobre a contribuição suíça no Brasil, por ocasião do bicentenário da independência do Brasil, apresentando 10 suíços que contribuíram no desenvolvimento do país no âmbito econômico, cultural e social. Em breve mais informações serão divulgadas.
A Diretora Executiva Mariana Badra deu continuidade ao evento apresentando as atividades realizadas em 2021, o resultado financeiro no ano, a chapa da diretoria e o orçamento para 2022 e as atividades previstas. Mariana enfatizou que os associados podem participar nos canais de comunicação da SWISSCAM através de posts colaborativos, divulgação de eventos, descontos e condições especiais em produtos e serviços, artigos informativos e classificados.
O Diretor Jurídico Gustavo Stüssi conduziu as formalidades de aprovação das contas e eleição da diretoria, onde foram eleitos novos integrantes: Ana Cristina Moeri (Instituto Ekos Brasil) como nova Vice-Presidente, Pedro Varela (Nestlé) como novo Diretor Financeiro, Igor Tobias (MCI) como novo Diretor de Eventos, Felipe Bonifatti (SWISS) como novo Conselheiro e Philipp Klose-Morero (Rödl & Partner) e Patrick Wächter como Conselheiros Fiscais. Flavio Silva (Atlas Schindler) que ocupava o cargo de Vice-Presidente desde 2019 foi eleito o novo Presidente da SWISSCAM.
Flavio Silva é Presidente da Elevadores Atlas Schindler Ltda. Sua trajetória engloba mais de 25 anos de experiência como líder de operações no Brasil e em outros países. Foi presidente da Voith Paper Máquinas e Equipamentos Ltda., e possui vivência internacional no Canadá, com atuação nas áreas de engenharia, processo, vendas e cargos de liderança na Vale S.A. Flavio é engenheiro mecânico formado pela FEI e administrador de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, possui MBAs em Gestão de Projetos e Conhecimento pela FIA/USP/PMI, além de programas de desenvolvimento profissional no MIT (EUA) e INSEAD (França).
Philip Schneider despediu-se da presidência agradecendo os associados, a equipe pela dedicação nos 4 anos intensos de presidência e os integrantes da mesa diretora, Sr. Embaixador Pietro Lazzeri, Gustavo Stüssi e Flavio Silva.
O novo Presidente Flavio Silva dirigiu algumas palavras aos associados, afirmando seu compromisso em promover ainda mais a câmara e dar continuidade à boa gestão, demonstrando seu reconhecimento ao corpo diretivo e às entidades parceiras que trabalham pelo fomento das relações entre Brasil e Suíça.
Encerrada a Assembleia, tivemos a palestra ministrada por Helcio Takeda, Sócio-Diretor da Pezco Economics, que abordou o tema “Eleições presidenciais e o cenário econômico pós 2022”.
Helcio dividiu sua apresentação em dois blocos, sendo o primeiro bloco de desafios e o segundo bloco de oportunidades. No primeiro bloco, cita inicialmente a pandemia e a guerra, com destaque para dois riscos mapeados pelo grupo Allianz: ataques cibernéticos e interrupção de negócios associado a mudanças na legislação e regulação. Com o programa de imunização, a pandemia provavelmente deixará de ser um problema nos próximos meses. Por outro lado, as sanções causadas pela guerra geraram gargalos e impactos sobre a cadeia de insumos e a inflação elevada chegou para ficar.
No curto prazo, observa-se que a economia mundial ainda cresce relativamente bem, previsto em torno de 4%. Já a estimativa para a inflação em um horizonte de 18 a 20 meses é de 4 a 5% para países desenvolvidos e 7 a 8% para países emergentes, influenciada pelo alto patamar dos preços das commodities, com alguns metais atingindo máximas históricas.
Outro desafio, mais em nível local, é o ambiente político. Hélcio analisou alguns dados sobre o perfil do eleitorado brasileiro, que mostra uma parcela importante dos eleitores mais jovens concentrados na parte norte do país. A retomada dos níveis de emprego de antes da pandemia, a adoção de políticas públicas que reduzem a sensação de perda de renda e a inflação caindo de 10% para aproximadamente 7% até o fim do ano, além da mudança do Bolsa Família para Auxílio Brasil, são alguns fatores que podem direcionar a decisão de voto nas eleições deste ano.
A respeito dos candidatos à presidência, o cenário é de polarização entre Lula e Bolsonaro. Não há um nome forte que viabilize uma terceira via, a não ser que haja uma eventual desistência da candidatura do Lula. Uma chapa por exemplo com Haddad/Alckmin sofreria menos resistência de trazer eleitores do centro.
Partindo para o bloco de oportunidades, Hélcio ilustra o caminho de transformação do Brasil como um ciclo onde há períodos de reformas (Anos 1960, 1990 e 2020), que por sua vez geram períodos de crescimento (Anos 1970, 2000 e 2030??), e este último leva à adoção de políticas irresponsáveis que geram períodos de fadiga e turbulência (Anos 1980, 2010 e 2040??), o que faz retomar à fase de reformas.
No período atual de reformas, Hélcio destaca: Teto dos Gastos, Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, Marco de Ferrovias, Saneamento, Gás Natural, Cabotagem, Autonomia do Banco Central, Lei Cambial, Nova Lei de Falências, Lei de Startups, entre outras medidas que afetam tanto o lado estrutural da economia no que tange à gestão do orçamento público, reduzindo o risco fiscal, quanto o lado de negócios.
Especialmente a medida do teto dos gastos deve fazer diminuir a dívida pública, assim como o prêmio de risco do Brasil. A desvalorização da moeda que tem contribuído para o superavit da balança comercial, somado ao fluxo de investimento estrangeiro direto, às reservas internacionais e uma taxa de juros estimada em torno de 13 a 14% no segundo semestre, tendem a favorecer uma retomada no fluxo de capital.
Independentemente do resultado das eleições, Hélcio frisou que parece pouco provável que esta dinâmica de reformas seja revertida. Observa-se que o Congresso Nacional está comprometido com a agenda de reformas. Além disso, o processo de adesão do Brasil à OCDE, considerado um evento de efeito paralelo ao Plano Real, consolida o ambiente de reformas e pavimenta o caminho para avançar em outras reformas mais desafiadoras, como a tributária, para melhorar a competitividade do país.
Fotos: Ulisses Matandos